Dólar e Ibovespa operam em alta, com Trump na mira em dia de agenda esvaziada



Na véspera, a moeda norte-americana recuou 1,40%, cotada a R$ 5,9455, menor valor desde o fim de novembro. Já o principal índice da bolsa de valores fechou em queda de 0,30%, aos 122.972 pontos. Dólar
Cris Faga/Dragonfly/Estadão Conteúdo
O dólar passou a operar em alta nesta quinta-feira (23), aos R$ 5,95, após ter encerrado o pregão de ontem no menor valor desde novembro. Com uma agenda mais vazia, as políticas tarifárias de Donald Trump, novo presidente dos Estados Unidos, voltam a estar na mira dos mercados.
Nesta semana, o republicano reforçou sua promessa de impor tarifas de 10% à China e à União Europeia, e considerou alíquotas de até 25% contra o México e o Canadá.
Há incerteza sobre as decisões, mas alíquotas menores do que as ameaças feitas por Trump durante sua campanha, e a falta de medidas concretas sobre o tema continuam a abrir espaço para uma valorização do real. (entenda abaixo)
Sem grandes destaques na agenda, as atenções se voltam para a participação do republicano no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça. Entre os indicadores, os investidores monitoram os novos dados de auxílio-desemprego nos Estados Unidos e seguem atentos à temporada de balanços corporativos.
O Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, também operava em alta.
Veja abaixo o resumo dos mercados.
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Dólar
Às 11h10, o dólar tinha um avanço de 0,09%, cotado a R$ 5,9510. Veja mais cotações.
Na véspera, a moeda norte-americana fechou em queda de 1,40%, cotada a R$ 5,9455.
Com o resultado, acumulou:
queda de 1,98% na semana;
recuo de 3,79% no mês e no ano.

a
Ibovespa
No mesmo horário, o Ibovespa tinha alta de 0,59%, aos 123.692 pontos.
Na véspera, o índice fechou em queda de 0,30%, aos 122.972 pontos.
Com o resultado, acumulou:
alta de 0,51% na semana;
ganho de 2,24% no mês e no ano.

Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
O que está mexendo com os mercados?
Os efeitos da posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos continuam a influenciar os mercados. Além das ordens executivas assinadas no primeiro dia de mandato, novas declarações de Trump sobre um possível “tarifaço” a outros países geraram incertezas sobre os impactos no comércio global.
Na terça-feira, durante um evento na Casa Branca, Trump prometeu impor tarifas à União Europeia e afirmou que seu governo já está discutindo uma alíquota de 10% sobre produtos importados da China a partir de 1º de fevereiro.
O republicano também ameaçou impor tarifas para o México e para o Canadá, afirmando que há preocupação com o fluxo de drogas provenientes desses dois países.
Apesar de irem em linha com a agenda econômica protecionista do republicano, no entanto, as tarifas ameaçadas por Trump ainda são bem menores do que as indicadas durante sua campanha. Além disso, a falta de medidas concretas também traz certo alívio e abre espaço para a valorização de outras moedas em relação ao dólar.
“A abordagem de Trump de primeiro ameaçar e depois estudar se realmente vai implantar alguma tarifa sobre as outras economias tem levado a um movimento de enfraquecimento global do dólar”, disse Leonel Mattos, analista de inteligência de mercado da StoneX, à agência Reuters.
“Visto o que se antecipava, o receio era de que ele teria uma postura agressiva já no seu primeiro dia de mandato”, completou. Esse cenário, no entanto, não aconteceu.
Na prática, a aplicação de tarifas sobre produtos importados nos EUA se reflete no dólar porque é uma medida considerada inflacionária — ou seja, com potencial para elevar os preços no país.
Quando os preços estão mais altos por lá, o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) tende a manter os juros elevados por mais tempo para esfriar a economia e combater a inflação. Taxas elevadas nos EUA fortalecem o dólar.
Por isso, quando há a expectativa de que Trump pode não ser tão rigoroso em suas políticas tarifárias, o dólar tende a cair.
Já sobre a relação de Trump com o Brasil, continuam a repercutir as falas recentes do republicano, quando afirmou que a relação dos Estados Unidos com a América Latina e com o Brasil “é excelente”, mas destacou que a região “precisa mais dos Estados Unidos” do que o contrário.
“A relação é excelente. Eles precisam de nós, muito mais do que nós precisamos deles. Não precisamos deles. Eles precisam de nós. Todos precisam de nós”, respondeu Trump ao ser perguntado se iria falar com o presidente Lula e como seria a relação com o Brasil e com a América Latina.
A frase foi dita em resposta a uma pergunta da repórter da TV Globo Raquel Krähenbühl sobre se Trump falaria com o presidente Lula e como seria a relação com o Brasil e a América Latina, feita enquanto o presidente americano assinava os primeiros decretos do novo mandato no Salão Oval da Casa Branca.
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Em discurso recente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que torce por uma “gestão profícua” (ou seja, proveitosa) por parte de Trump, afirmando que o Brasil “não quer briga” com os Estados Unidos.
“Tem gente que fala que a eleição do Trump pode causar problema na democracia mundial. O Trump foi eleito para governar os EUA e eu, como presidente do Brasil, torço para que ele faça uma gestão profícua para que o povo americano melhore e para que os americanos continuem a ser histórico ao que é do Brasil”, disse Lula.
“Da nossa parte, não queremos briga. Nem com a Venezuela, nem com os americanos, nem com a China, nem com a Índia e nem com a Rússia”, seguiu.
Na agenda econômica, investidores avaliam novos dados de pedidos de auxílio-desemprego nos Estados Unidos.
Na Ásia, dados divulgados nesta quinta-feira indicaram que as exportações no Japão subiram pelo terceiro mês consecutivo em dezembro. Os dados vêm em meio às preocupações sobre uma eventual imposição de tarifas por parte de Trump. Ainda por lá, o BC japonês deve anunciar uma nova decisão de juros ainda nesta semana.
Já por aqui, o mercado segue na expectativa pelos novos dados do Índice de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15), considerado a prévia da inflação oficial do país e que será divulgado na próxima sexta-feira.
O cenário fiscal também fica sob os holofotes, especialmente porque o Orçamento ainda não foi aprovado.


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